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Entrevista com Tiago Silva

ECPV: Fale um pouco sobre o projeto e a viagem:
Tiago Silva: Estamos trabalhando há 8 meses no Espaço Cultural e vamos viajar por um período de 3 a 4 meses, passando por três países, França, Senegal e Marrocos.

Quais serão as atividades que realizarão durante a viagem?
Vamos trocar informações com os alunos da França, mostrar o que aprendemos aqui, nas aulas, da técnica, que eu não lembro o nome, então vamos trocar com eles essa experiência da técnica trabalhada, trocar conhecimento, mostrar o que aprendemos. Vamos também fazer quadros individuais.

Como será feito esse trabalho mais individual, envolve também a técnica que estão trabalhando?
Não, a gente vai utilizar de forma livre os materiais a serem usados nos trabalhos individuais que serão apresentados na exposição quando a gente retornar ao Brasil.

Como serão realizados esses trabalhos individuais? Serão realizados durante todo o trajeto que farão? 
Acho que são quatro quadros que serão feitos no Marrocos, quando a gente tiver numa residência de artistas, que a gente vai ficar.

Por quais lugares vocês vão passar e qual a ordem dos destinos?
Primeiro, França, depois Senegal e Marrocos. No Senegal, a gente vai dar aula do que foi aprendido na técnica.

Quais as suas impressões pessoais sobre o projeto? O que acarretou na sua vida?
Positiva, porque pude perceber que Alexis pela trajetória de vida e familiar dele, fez dele uma pessoa livre e humana e trata a gente (os participantes) da mesma maneira com liberdade. E o trabalho é baseado nessa liberdade. A gente se sente muito livre pra criar, pra usar os materiais e ele trata a gente de uma forma muito humana.

E a proposta de viajar?
No início não sabia do futuro, não sabia da viagem. Fiquei trabalhando naturalmente. Pela experiência de trabalhar com um artista reconhecido. Ele me ensinou sobre questões profissionais, técnicas, me deu uma visão assim sobre o mercado, uma visão mais profissional. Trouxe informações sobre outros artistas contemporâneos, daqui e da Europa, através de bate papos, alguns deles, pude conhecer pessoalmente inclusive... Mas não sabia do que aconteceria depois e da viajem. Conheci a Nádia Taquary, que tá trabalhando também no projeto. Fomos lá no atelier dela, no Corredor da Vitória.

Planos futuros?
Os meus planos futuros é que quero mesmo trabalhar na área de artes. Com certeza, quero trabalhar na área mesmo.

O projeto te ajudou a descobrir como artista?
Não, no fundo eu já sabia, mas o projeto ajudou na questão da valorização e do reconhecimento do meu trabalho, como artista, que já era.

Mas fortaleceu a sua vontade de permanecer na área?
Com certeza. Além disso, baseado nos artistas que conheci, pude perceber a diferença entre arte e artistas entre Brasil e Europa.

Diferenças em que sentido? Em qualidade?
É, diferença de conceitos usados.

E a família, como reagiu com a sua participação no projeto, com a viagem?
No começo ficaram apreensivos. Mas apoiaram. Meu avô ficou orgulhoso quando viu a reportagem no jornal. Mas a minha mãe sempre aceitou. Eu sempre fui muito presente e responsável, ela confia em mim.

Você já tinha viajado sozinho?
Nunca tinha viajado para fora, mas minha mãe aceitou. Ela não conhecia o trabalho que eu fazia de arte. Muitas vezes quando me via entrando em casa com materiais, coisas que pra muitas pessoas pode ser lixo, ela achava que era lixo, sucata... Então quando Alexis foi fazer a primeira entrevista para a viagem, em Dezembro, ela realmente ficou surpresa. Ele chegou com a câmera na mão. Ela não entendeu nada... (rs). Aí ela acreditou que era verdade, que aquilo que eu fazia era uma espécie de arte, e que era reconhecida pelos outros.

Tem alguma coisa que você queria complementar?
Por acreditar na arte, eu sempre acreditei que alguma coisa boa ia acontecer comigo, por estar num lugar, que as pessoas, mesmo com seus defeitos e qualidades, as pessoas estavam sempre procurando fazer algo de bom para as pessoas, com uma boa intenção. Pela energia que circula nesse lugar (Espaço Cultural Pierre Verger), eu acredito que tem uma energia muito boa aqui. Sempre achei que alguma coisa de bom ia acontecer comigo. Por isso, recusei inclusive um trabalho, no ano passado, porque sabia que ia acontecer algo de bom partindo daqui.